O comércio exterior brasileiro vem passando por mudanças importantes ao longo de 2025. Entre avanços regulatórios, novos investimentos internacionais e estratégias de defesa comercial, o Brasil demonstra um movimento cada vez mais firme em direção a um posicionamento estratégico no cenário global.
A seguir, reunimos os principais destaques do período recente.
Balança Comercial Brasileira: Superávit Relevante
De janeiro até a 4ª semana de setembro, as exportações brasileiras alcançaram US$ 255,21 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 210,2 bilhões. O resultado é um superávit de US$ 45 bilhões.
Esse saldo positivo mantém o Brasil entre os grandes exportadores do mundo, com destaque para:
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Agroindústria – soja, carnes e derivados continuam sendo os grandes motores da pauta exportadora.
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Mineração e energia – minério de ferro, petróleo e celulose seguem em alta demanda.
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Indústria de transformação – setores como automotivo, químico e metalúrgico, apesar de desafios, registraram avanços em mercados específicos.
Esse resultado mostra que o Brasil mantém competitividade, mesmo diante de um cenário global desafiador, marcado por tarifas, disputas comerciais e desaceleração de grandes economias.
Reforço contra Importações Irregulares
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) anunciou que intensificará medidas de fiscalização contra práticas desleais, como subfaturamento, triangulação irregular e falsificação de origem.
Essas ações buscam:
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Garantir concorrência justa para as empresas brasileiras.
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Proteger a arrecadação tributária.
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Impedir entrada de produtos que não cumprem requisitos de qualidade e segurança.
Esse reforço é bem-visto por setores industriais, que frequentemente apontam perdas de competitividade devido à entrada de mercadorias em condições desiguais.
Desburocratização: Fim da Licença de Importação para 210 Produtos
Em uma iniciativa de modernização dos processos aduaneiros, o governo eliminou a exigência de licença de importação para 210 itens.
Entre os produtos impactados estão:
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Fios de acrílico.
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Revestimentos para paredes.
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Tubos de aço.
A medida reduz etapas burocráticas, acelera a liberação de cargas e garante mais previsibilidade para indústrias que dependem desses insumos. Especialistas destacam que essa simplificação pode diminuir custos logísticos e administrativos, fortalecendo a competitividade nacional.
Investimentos Japoneses em Santa Catarina
O Porto de São Francisco do Sul (SC), um dos principais do Sul do Brasil, receberá investimentos de grupos japoneses.
O acordo internacional prevê:
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Melhoria da infraestrutura logística.
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Fortalecimento da segurança alimentar.
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Incentivo às exportações agrícolas e industriais do Sul do Brasil.
A parceria reforça a importância estratégica da região, aproximando ainda mais o Brasil do mercado asiático — especialmente Japão e China, grandes compradores de commodities brasileiras.
O Corredor Bioceânico Brasil–Peru
Avança a discussão sobre o Corredor Rodoviário Bioceânico, que conectará o Brasil diretamente ao Oceano Pacífico através do Peru.
Impactos esperados:
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Redução de custos logísticos em até 30% para exportações com destino à Ásia.
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Encurtamento do tempo de transporte de mercadorias brasileiras.
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Fortalecimento da integração regional com Paraguai, Argentina e Peru.
Esse projeto é considerado estratégico porque diminui a dependência exclusiva dos portos do Atlântico, abrindo novas alternativas de escoamento.
Medida Provisória “Brasil Soberano” (MP 1309/2025)
A Câmara de Comércio Exterior iniciou os debates sobre a MP Brasil Soberano, criada para apoiar empresas afetadas pelo chamado “tarifaço” — medidas protecionistas aplicadas por parceiros comerciais ao longo de 2025.
Entre os pontos principais da MP estão:
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Incentivos fiscais para exportadores.
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Medidas de crédito para setores impactados.
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Criação de um fundo de apoio para empresas que enfrentem barreiras comerciais.
A medida é vista como uma tentativa do governo de defender a indústria nacional e ampliar a competitividade externa.
Lei da Reciprocidade Comercial: Defesa contra Tarifas
Foi aprovada a Lei da Reciprocidade Comercial, permitindo ao Brasil retaliar tarifas impostas por outros países.
Na prática, significa que, caso um parceiro comercial eleve barreiras de forma unilateral, o Brasil poderá aplicar medidas equivalentes em resposta.
O primeiro grande movimento nesse sentido foi a notificação formal enviada aos Estados Unidos, após novas tarifas incidirem sobre produtos brasileiros.
Essa lei fortalece a posição do Brasil nas negociações internacionais, mostrando que o país busca relações comerciais mais equilibradas.
Conclusão
O ano de 2025 marca um período de ajustes estratégicos no comércio exterior brasileiro. O país:
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Avança na simplificação de processos aduaneiros.
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Recebe novos investimentos internacionais em infraestrutura.
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Busca proteger sua indústria com políticas de defesa comercial.
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Estuda novas rotas logísticas para maior integração global.
Esses movimentos mostram um Brasil atento às transformações do mercado internacional e disposto a ocupar uma posição de maior protagonismo no comércio global.